O Grito

 

O grito ecoou por entre as frestas das janelas, pelos vãos das portas entre abertas, pela noite quente e tranquila. Nem o duro tijolo misturado com o sólido concreto impediram a voz sem identidade de adentrar impetuosamente nas casas dos cidadãos honestos, desejosos da noite para descansar. Noite escura e cruel. Silenciosa. Noite inimiga que não quer ser interrompida pelo grito. Que não está acostumada ao barulho e a ser contrariada. Noite impassível que nada pode fazer, a não ser ostentar sua escuridão e reinar nos céus. Sentiu-se desafiada pelo grito. Esse rápido, esperto, agudo, alto e sonoro grito. Partiu pela noite, faceiro como só ele poderia ser e sentia que quem o gerou queria que todos o ouvissem, que entrasse sem ser anunciado em cada lar, em todos os cantos, em cada ouvido. Pela sua intensidade, sabia que seu dono queria ainda que percorresse o mundo. O grito descobriu que a tarefa era difícil logo que saiu dos pulmões e garganta, carregado de ar e sonoridade. Procurou se espalhar. Ali no vizinho, por entre os prédios, encontrou as copas das árvores, alguns animais, o asfalto. Ele tinha a visão além daquele quadro. Queria vencer a noite e chegar até onde ela não mais existia. Foi ficando pequeno. Perdendo espaço. Lutou por mais alguns segundos até não mais agüentar. Assim, não havia mais nada a fazer, a não ser render-se à noite preta que continuava a reinar, soberana e indiferente. 

Esperança

É preciso ter esperança. Agarrar-se a ela e não deixar de forma alguma que ela morra. Hoje, a minha esperança é de novo a meninazinha de olhos verdes recém saltada do décimo segundo andar.

 

Esperança

Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Isso é tão renatiano…

Tommy Little Field ainda se via envolvido em seus pensamento mesmo após fechar seu diário ao ouvir a voz da pequena Nancy chama-lo do outro lado do lago. Era uma bela tarde de outono perfeita para se sentar ao pé de um jambeiro e apreciar o sol indo de encontro com o horizonte, deixando o lago de águas calmas como um grande manto dourado que se estendia até aonde se podia enxergar alguns outros arbustos que complementavam a pequena casa de madeira, da onde, nesse momento se sentia um delicioso aroma de canela e algo acabado de sair do forno.

A pequena Nancy ainda chamava por Tommy, correndo de um lado ao outro e acenando com suas delicadas mãos, em seu vestido rosa:

“Tommy, Tommy! Venha! Estamos todos esperando para comer os biscoitos da Senhora May.”

“estou indo”, respondeu Tommy, se levantando e circulando o lago, em passos rápidos, em direção à casa, de onde se sentia o cheiro de fartura em seu café.

So…

So, the year has begun and i’m afraid to say that the path is going to be rough. But, nobody said it was easy. Although i still believe in something i guess my mind is going crazy…a lot of thoughs…and a lot of to do!

so, lets begin