Sentindo o dia como outro dia. Sentindo o sol sem muita força. Sentindo o dia quieto, como a tarde de outono deve ser. Sentindo a mesma canção, tocando na vitrola repetidas vezes. Sentindo o aroma do café, recém preparado em eras audaciosas. Sentindo pessoas caminhando lá na rua. Sentindo o barulho lá de fora, o mexer da cidade, o tempo passar, a terra girar, o medo pairar, a estafa chegar. Sentindo-se perdido nas alturas da cidade.

E na 25 tem de tudo

E na 25 tem de tudo. Tem o entregador de marmita, tem a dona de casa, tem sacoleiro, tem PM, tem o rapa, tem gente, muita gente. Tem bugiganga, tem camelô, tem gente esbarrando em você, tem apito, coisas passando pela sua cabeça, tem coisas, muitas coisas; tem eletrônicos, tem relógios, tem falsetas, tem bijuterias, tem fantasias, tem brinquedos, tem tecidos, tem mais falsetas, tem pirataria, tem muito taliban, tem china, taiwan, sotaques, e gente de fora; da cidade, do estado, do país. Na 25 tem de tudo mesmo. Mas tem muito chinês, de cabelos escovados, pintados, ocidentalizados, com celulares made in china e roupa de quase grife. E na 25 tem de tudo mesmo. Mas o que mais tem é o retrato de um povo que não deve passar muito bem lá do outro lado do mundo e se apronta em arranjar um stand por aqui. E trata de fazer filho, muito filho e manter a fama de rua de comércio onde se encontra tudo em bastante quantidade. Tem criança, de olho puxado, prestando atenção no estrangeiro. Tem calor, de gente e de clima, e bebês dormindo em carrinhos e cadeiras de praia pelos corredores de um, assim nomeado, shoping enquanto os pais batem aquela marmita no próprio box, entre as muitas coisas que a 25 tem. E na 25 tem de tudo mesmo.