Isso é tão renatiano

Um tanto assim, buscando outros caminhos, percorrendo o mundo num balão de gás sem fim que passa entre as nuvens. Contemplando o dia cair, a noite reinar e as estrelas brindarem à Lua, deixando as portas do Universo se abrirem e o homem ao Infinito se juntar. Sobe balão, mostra pra mim o mundo, assim como ele é; pequeno diante da Imensidão do espaço que persiste em nos rodear.

A Senhora

Estava eu lá, com aquela empolgação típica de um garoto de seus 20 anos, conversando e planejando o que eu achava ser o melhor para o meu futuro. Sentado numa mesinha de café, com um suco de côco à frente e aquela descontração típica de quem esta papeando com amiga de longa data. O Sol lá fora era intenso e a tarde teimava em se sustentar na cidade do interior. Das 6 mesas do local, além da minha, apenas mais uma estava ocupada e só havia mais uma ou duas pessoas sentadas direto no balcão. Eis que surge uma senhora, de feição tranquila e corpo levemente arqueado em seu vestido vermelho. Não reparei em seus sapatos, mas provavelmente deviam combinar com sua roupa distinta. Era morena, cabelos presos e pintados. Não era uma mulher idosa, mas daquelas que a convenção permite que se chame de senhora. Ela entrou acompanhada. Não consigo me lembrar se por homem, mulher ou criança. Mas da senhora me lembro bem. Entrou primeiro, abriu um largo sorriso para a mocinha do caixa.

Minha mesa ficava bem em direção à porta. Daquelas que te deixam no meio do salão e, de certa forma, até um tanto desprotegido no ambiente. Sempre que ia naquele café, pegava a mesa do canto direito, encostada junto a uma janela de vidro, semelhante a uma vitrine, que permitia olhar a rua e quem passasse por ela. Não sei explicar por que naquele dia a mesa do centro pareceu atraente aos meus olhos e aos de minha amiga.

O fato é que estavamos lá. E logo depois do sorriso à mocinha do caixa, a primeira pessoa que a senhora poderia ver era eu. E assim foi. Retribui o sorriso e continuei minha conversa.

A senhora passou por mim. Conversava com uma funcionária. Essas conversas triviais, acredito, sobre o tempo, o calor ou qualquer coisa do gênero. Fez o seu pedido. Olhou o salão e novamente olhou para mim. Dessa vez não sorri ou esbocei nenhuma expressão. Nossos olhares mal se encontraram.

A senhora no seu vestido vermelho veio em minha direção. Deu poucos passos e parou exatamente na minha frente. Pediu desculpas por interromper a minha conversa. Naquele momento parei, olhei para a senhora que me pedia isso com um largo sorriso. Seus olhos estavam fixos nos meus. “Você é muito bonito garoto; você trabalha com televisão?” “Sou ator, mas nunca fiz tv”, respondi. “Ah, que sorriso lindo você tem. Parabéns. Muito bonito mesmo”

Agradeci o elogio. A senhora foi sentar-se no mesmo lugar que eu sempre escolhia. Continuei minha conversa, agora pensando na simpatia da senhora.

Vai e vem

salve salve que o mundo continua girando e parece que cada vez mais rápido; e eu estou aqui, seguindo o caminho, como espectador de mim mesmo, me acompanhando, por vezes desiludidas, procurando por tempos onde o fruto será colhido de árvores frondosas.

Assim, assim

que o tempo permita que possamos nos ver sempre como eternas crianças brincando ao pé de uma árvore ou correndo em campos de flores. que tudo seja repleto de realizações para nós e haja sempre espaço para o aplauso de cada conquista. que se faça presente. não apenas aquele física, mas, principalmente, a de espírito. que os dias passem calmos e claros e que neles, seja possível lembrar de um sorriso, de um carinho. que os olhos reflitam a paz interna e admiração e faça lembrar, a cada dia, a satisfação de se estar lado a lado.