O Espetáculo

Para alguns leitores que me perguntaram sobre o último post, trata-se do espetáculo que estou em cartaz em São Paulo. As informações sobre o trabalho estão no flyer, publicado aqui mesmo no blog.

Fomos recomendados pela Revista Veja São Paulo. Segue a nota e o link da Veja. Portanto, quem estiver em Sp e quiser conferir, a temporada acaba dia 05 de dezembro.

Veja São Paulo Recomenda


Cia. Artista do Corpo. Liderado pela coreógrafa paulistana Dinah Perry, o grupo consegue, como poucos, combinar de forma eficiente dança e dramaturgia. Uma bailarina e três bailarinos apresentam uma dobradinha de boas peças na tarde de sábado (5), no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt. Por Enquanto..., de Fernando Machado, enfoca os sentimentos comuns a um triângulo amoroso, por meio de passos delicados e inventivos. Atente para Paula Miessa, filha da diretora da companhia. Habilidosa, a artista de 21 anos consegue aliar técnica a graça, além de chamar atenção em cena com frases suspiradas. Na sequência, Ir, pra Onde Ir?, criação da própria Dinah, levanta situações conflitantes de grandes centros urbanos em tons ora sombrios, ora cômicos. Desta vez, quem brilha são os rapazes. A partir de uma disputa por um terno, William Mazzar, Renato Possidônio e o divertido Fernando Delabio desenvolvem embates em gestuais pulsantes e vigorosos.

















O espetáculo está na sua segunda temporada. O espetáculo exige muito trabalho. O espetáculo demanda muito fôlego. O espetáculo requer atenção. O espetáculo é forte. O espetáculo é movimento. O espetáculo é vivo. O espetáculo é contemporâneo. O espetáculo tem boas críticas. O espetáculo quer ser visto e revisto.

potencialidades

Será que todos no mundo tem algum tipo de potencial? Algo a ser explorado e aproveitado para que se tenha uma vida de farturas?

Eu acredito que sim e até me baseio em leis de causa e efeito e outras tantas leis mentais que espiritualistas e estudiosos propagam. São as potencialidades internas do ser humano. Num conceito básico, expressado por Maltz, acredita-se que “Se você pode concebê-lo, você pode realizá-lo", mas não bastasse a força do pensamento positivo, parece que o negativo é ainda mais forte e trava verdadeiras lutas nas nossas mentes e o exercício esta justamente em não perder toda a energia despendida em mentalizar algo positivo com apenas um único pensamento negativo. Além dessa atenção concentrada, é mais do que necessário passar ao campo da ação e colocar em prática tudo o que se imagina.

Portanto, vamos agir e correr atrás do que se quer, porque apenas pensar não possibilitará a vida plena e harmoniosa que todos querem...

Programa de teatro coreográfico



A Cia Artista do Corpo, em parceria com o coreógrafo Fernando Machado, fará curta temporada de um programa intitulado "Teatro Coreográfico" no Espaço dos Parlapatões, em São Paulo. Serão apresentadas duas obras da Cia, divididas em parte 1 e parte 2.
Faz parte do elenco este ser Renatiano que vos fala, além de outros intérpretes.
Espero todos lá!!

Sobre ser feliz e suas receitas

Você costuma usar receitas para cozinhar? Talvez você já tenha usado e descoberto que não basta seguir o que está escrito. Há algum mistério na execução do que vemos nas revistas e jornais, pois nem todas as pessoas interpretam do mesmo modo as indicações. A compreensão é o que prejudica a execução da tarefa. Os chefs incorporam as receitas ou as criam como um cientista cria seu método de pesquisa ou um artista cria seu estilo.
O que ocorre entre a receita e sua realização é um conflito entre teoria e prática. Decepcionar-se é fácil e perder tempo também quando não conhecemos o método e o significado dos ingredientes. Mas toda frustração, mesmo com um guia para fazer bolo, tem seu ensinamento.
Sobretudo quando se trata de uma receita para ser feliz. Ser feliz seria como realizar a receita sem falhas. Todas as sociedades em todos os tempos apostaram na possibilidade de uma imagem da felicidade com legenda, na qual o que é ser feliz estivesse bem explicadinho. Pingos nos is da felicidade como confeitos em um bolo é tudo o que queríamos da vida. Que a felicidade viesse num pacote e, lá de dentro, não precisássemos nem acionar um botão, nem ligar o fogão.
Ser feliz poderia parecer ou ser fácil. No senso comum, o território das nossas crenças mais imediatas, do que é partilhado por todos em ações e falas, ser feliz é uma promessa sempre revalidada. Guimarães Rosa, o lúcido escritor de Grande Sertão: Veredas, dizia, ao contrário, que “viver é muito perigoso”. Aristóteles, que também defendia a felicidade, foi autor da bela frase: “o ser se diz de diversos modos” que podemos interpretar como “a vida pode ser vivida de diversas maneiras.” A felicidade não tem um único rosto.
Immanuel Kant no século das Luzes dizia que só podemos almejar a felicidade, nos tornarmos dignos dela, mas não podemos possuí-la. Com isso ele colocava a felicidade no lugar dos ideais que só podemos imaginar e supor, esperar que nos orientem, mas jamais realizar. Uma receita para ser feliz seria, desta perspectiva, um absurdo.
Se a pergunta pela felicidade, com a complexa resposta que ela exige, já não serve por seus tons abstratos, podemos ficar com a questão bem mais prática do bem viver. Da vida nada parece mais fácil do que simplesmente vivê-la: contemplar o que há, amar quem vive perto de nós, alegrar-se com as conquistas, aceitar as frustrações inevitáveis, lutar pelo próprio desejo, transformar o que nos desagrada buscando o melhor modo possível de pensar e agir. O modo mais ético e mais justo de se viver é o que todos, em princípio, queremos. Um desejo básico que nos une e que, ao ser construído, carrega a promessa paradisíaca da felicidade comum, do bem estar geral. Se procurarmos conselhos e fórmulas para o bem viver não será difícil fazer uma lista de tons e cores que podemos imprimir aos nossos gestos e atos. E ainda que o receituário seja impreciso, é válido.
O meio tom entre inteligência e emoção, entre razão e sensibilidade é a mais inexata das promessas e a mais complexa das conquistas que um ser humano pode almejar para si mesmo. Vale também como uma receita, a receita de um manjar desconhecido. Ela só existe porque podemos fazer do melhor modo possível, usando-a como inspiração. Cada um só precisa saber que cada manjar é diferente do outro. Cada um tem que aprender a realizar, com método próprio, sua própria alquimia. Somos seres gregários, sua receita servirá de inspiração a outros.
Publicado originalmente na Revista BemStar. São Paulo: Editora Lua. Número 15, 2006. página 33.