Isso é tão renatiano...

Abriu os olhos. tudo ainda era contornado pela pouca luz das primeiras horas da manhã. Escutava o silêncio e sentia aquele ar de preguiça tomar o quarto, a casa, as ruas, a cidade... Queria voltar a dormir. Pensava quase que hipnotizado pela idéia. Cerrava as pálpebras e permanecia longos segundos com elas fechadas. Num instante, recobrou os sentidos e abriu os olhos novamente. Inspirou. Levantou. O corpo ainda moído. Quis expreguiçar. Novamente tomou uma dose de ar e desamassou seu rosto enquanto pensava em como era bom não estar frio naquela hora. Não gostava de acordar cedo em dias frios. Seus ossos reclamavam e sentir-se hipnotizado pelo sono era comum. Olhou pelo vidro da janela. A imagem parada como a de uma fotografia. A cidade ainda sem aquela coloração habitual de comecinho de manhã. Sentiu vontade de não sair. Só sentiu. Lavou seu rosto. Se viu no espelho e desejou um bom dia a si próprio com o olhar. Deixou a água escorrer pela torneira. Deixou a água escorrer no box. Deixou a água escorrer no seu corpo. Quente. Preparando-o para o longo dia. Olhou-se no espelho mais uma vez. Agora não mais com aquele aspecto abarrotado. Estava pronto. Estava inteiro. Estava recomeçando. Olhou pelo vidro da janela novamente. Olhou agora com mais atenção. A cidade ainda como retrato. Mas um retrato que pode ser mudado, que pode ganhar cor, cheiro, vida. Bastam as horas se encarregarem disso e deixar a vida seguir seu curso. Curso este que sua vida já iniciara naquelas primeiras horas da manhã. Veio uma sensação gostosa. Não soube explicar. Mas gostou do que sentiu. Esboçou um pequeno sorriso. E preparou-se para começar a mudar aquele retrato.

1 comentários:

  Tom

16/9/09 14:15

Ai, que sono...