Alguns pensamentos soltos e imperfeitos tomam a mente. A cidade continua cinza e fria, bem diferente dos sonhos. Um palácio imenso, colorido, com criaturas irreais, pássaros e pequenos dragões a defender todas as entradas do espaço, janelas amplas e pontiagudas para o teto, tudo em pedra sólida e pesada. Navega-se no ar numa pequena barca de madeira pintada com ornamentos em dourado. Por entre os halls e corredores, cordas coloridas e um outro material semelhante a borracha dão o tom do lugar. Verde, azul, amarelo e vermelho são as cores de destaque, que definem tudo como uma pintura impressionista. Os pássaros e dragões sobrevoam todos os ambientes e dão vôos rasantes entre os objetos, pousam no barco e causam um certo receio, uma vertigem. Num sobressalto uma grande pantera avança em direção à pequena nau e com toda elegância e impetuosidade felina sobe no barco, rugindo e espanta todos os dragões. Não há mais receio. Nem mesmo com o comportamento agressivo da pantera de pêlos negros e brilhantes. Ela olha pra mim. Retribuo o olhar. Os dois agradecem. A viagem segue. No barco encontra-se eu, meus pais, a pantera que desaparece rapidamente e o comandante que nos leva por entre os corredores. Ele veste uma imensa tunica vinho e lilás, de manga longa e boca comprida, até o chão. No rosto, o contorno de uma barba comprida, até o pescoço. Na cabeça um chapéu de corte reto e redondo, apenas cobrindo os cabelos. Tem os olhos puxados e a pele amarelada como um monge tibetano. Ele está tranquilo a tudo, nos mostra cada detalhe do palácio. A viagem termina, descemos da embarcação que flutua a poucos metros do chão. O dia está lindo, ensolarado e todas as folhas do jardim são verdes, intensas. Tudo reflete a luz do sol. Na sala que estamos, imensos tecidos de cores quentes estão estendidos nas paredes. São bordados em pedras. Estamos esperando alguém. Uma mulher surge entre uma das janelas e sorri, ela tem o semblante de pessoa arteira. É madura e de cabelos curtos e vermelhos. Veste calça e bata amarela. É simpática. Desaparece tão rápido quanto surge. Logo, chega quem estamos esperando. Cabelos brancos, corpo robusto, pele morena. Roupas brancas. Ele cumprimenta a todos, menos a mim. Conversamos, todos. Eu ainda um pouco distante. Um outro rapaz anda pelos corredores. Jovem, pele amarelada, cabelos curtos, nariz definido no rosto. Veste uma tunica semelhante ao do comandante da nau, porém menos volumosa. Nos pés uma sandalha de couro. Diz alguma coisa. O tempo todo, os dragões e pássaros estão presente. Só a pantera que tanto admirei não está mais por ali, desde o barco. O rapaz continua a caminhar pelos corredores coloridos. Ele fala algo para o comandante e vai embora pelo mesmo corredor que veio. Conosco, o homem de roupas brancas, o comandante e a mulher que ora surge e ora desaparece. A sala é imensa, toda em pedra. Das janelas igualmente suntuosas, o sol irradia a luz. O dia é calmo como tardes de primavera. Enquanto caminhamos pela sala, conversamos como amigos que não se encontram há tempos. Seguimos pelo corredor. Agora a pé. Eu e meus pais vestimos roupas brancas. Um espécie de bata e calças. Parece que vamos nos hospedar por um tempo. Reina a calma. Páro e penso em tudo que vi. Fico admirado. O homem de branco chega com um sorriso acolhedor e continuamos todos a caminhar.
Isso é tão renatiano...
25 setembro 2009 às 10:26 Postado por Renatiano
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